Inflação e rendimento: o que mudou nas famílias portuguesas?

A inflação, que durante anos foi residual em Portugal, voltou a ganhar protagonismo no contexto pós-pandemia, agravada por tensões geopolíticas e problemas nas cadeias de abastecimento. O aumento generalizado dos preços afetou bens essenciais como alimentos, combustíveis, eletricidade e rendas de habitação, alterando drasticamente os orçamentos familiares e os padrões de consumo em todo o país.

As famílias viram-se obrigadas a fazer escolhas difíceis: reduzir gastos em lazer, procurar marcas mais baratas, adiar compras maiores e, em muitos casos, recorrer ao crédito para fazer face às despesas mensais. A inflação não afeta todos da mesma forma — pesa mais sobre os que ganham menos, os reformados e os agregados com crianças pequenas, que têm menos margem de manobra para absorver os aumentos.

Em resposta, o governo português lançou pacotes de apoio pontuais: subsídios para eletricidade e gás, isenção de IVA em produtos alimentares e atualizações salariais na função pública. No entanto, estas medidas foram criticadas por serem insuficientes ou mal direcionadas, incapazes de compensar completamente as perdas de poder de compra.

A longo prazo, a questão da inflação exige mais do que respostas conjunturais. É preciso repensar políticas salariais, fortalecer o Estado Social, controlar a especulação em setores como a habitação e garantir que a recuperação económica se faz com redistribuição de rendimentos. Só assim será possível proteger as famílias portuguesas e garantir maior estabilidade económica.

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