Interior esquecido: como revitalizar Portugal para além do litoral

Portugal enfrenta há décadas um problema estrutural de assimetria territorial. O litoral concentra a maioria da população, dos investimentos e dos serviços, enquanto vastas áreas do interior do país perdem habitantes, escolas, centros de saúde e infraestruturas básicas. Esta tendência de despovoamento compromete a coesão social e o equilíbrio económico do território nacional.

As causas são bem conhecidas: falta de oportunidades de emprego, acessos deficientes, ausência de serviços públicos e envelhecimento populacional. Muitos jovens partem para os grandes centros urbanos em busca de melhores condições de vida, deixando para trás comunidades envelhecidas e em risco de extinção. Esta realidade não é inevitável, mas sim resultado de políticas públicas que negligenciaram o interior durante décadas.

Nos últimos anos, têm surgido programas e propostas para inverter este ciclo: incentivos fiscais para empresas que se instalem no interior, apoio à fixação de famílias, projetos de mobilidade digital e promoção do turismo rural. Alguns municípios adotaram estratégias inovadoras, como a cedência de terrenos a preços simbólicos ou o apoio direto a empreendedores locais. Embora promissoras, estas medidas ainda carecem de escala e continuidade.

Reequilibrar o território português exige uma visão estratégica nacional que valorize o interior como espaço de inovação, sustentabilidade e qualidade de vida. A resposta deve passar por políticas articuladas entre transportes, educação, saúde e habitação, promovendo condições que atraiam e mantenham populações em todo o território. Não se trata apenas de “ajudar o interior”, mas de garantir um Portugal mais justo e resiliente.